Feminismo ou feminista: o despertar da deusa e também da solidariedade

por Eveline Pickler

Minha amiga Claudia Vassão me pediu que eu contribuísse com um texto sobre feminino para o Círculo de Mulheres.
Durante minha pesquisa, percebi que tudo o que surgia tinha muito a ver comigo, com minha vida e não só comigo, mas também com a vida de mulheres e pessoas.

Então percebi que seria interessante escrever um relato do que é feminino/feminismo para mim e como isso aparece na minha história, pois penso que juntando nossas histórias podemos construir nosso próprio feminino, mais real, mais próximo, mais gente!
É um desafio grande buscarmos as origens do dualismo masculino e feminino e é um desafio maior ainda estarmos abertas enquanto seres em constante transformação para conhecermos o que existe entre ele e para além dele.


Com certeza nos vale muito aprender e resgatar o feminino, pois certamente enquanto mulheres, fomos por muito tempo proibidas de contar nossas histórias e nossos pontos de vistas, sendo que apenas o ambiente doméstico nos foi da conta. Os tempos são outros e ainda estamos procurando nosso lugar no mundo e na sociedade e, com isso, perdemos um pouco da solidariedade feminina e nos tornamos competidoras!

Acho que é um momento de buscar um pouco de tudo, continuar a buscar a solidariedade e a sensibilidade que nossas antepassadas xamãs, bruxas, feiticeiras, curandeiras, benzedeiras e deusas tinham tanto e, ao mesmo tempo, buscar também expressar nossa voz para além de nossas casas, nas praças, espaços públicos, trabalhos, universidades.


Em cada parte do planeta pessoas nadam nesse mar que é o que existe entre o masculino e o feminino. Em cada pessoa, de cada lugar, de cada momento, algo pulsa em direção à vida. A respeito disso e como reflexão gostaria de compartilhar a história das mulheres de Chipko.
O movimento Chipko representa muito bem o que proponho nesse relato, no qual, a partir de uma busca ancestral, nos tornamos conscientes que podemos e devemos ser ativas e atuantes no mundo e, porque não dizer, políticas!


O movimento Chipko ocorreu nos Himalaias (Índia), mais especificamente no vilarejo de

Uttarakhand, na década de 1970. Um grupo de mulheres pertencentes à aldeia teve a iniciativa de protestar contra o desmatamento de árvores, formando cordões humanos em volta das árvores ou abraçando-as. Esse é um típico modo de protesto desse povo, que vem da tradição hindu, pela não violência.

O interessante é perceber que naquela aldeia e naquele momento, essas mulheres não fizeram isso por uma consciência ecológica, nem eram ambientalistas. Elas estavam ali para se protegerem e para garantirem a manutenção da vida. Ou seja, a sabedoria delas vinha de um profundo contato com a vida, e com elas próprias!


A partir da publicidade desse evento, o movimento Chipko tornou-se uma marcha pela sustentabilidade e pela salvação da natureza. Atualmente o ato de abraçar árvores como protesto é reconhecida mundialmente, além de ser uma expressão ancestral da conexão ser-humano – natureza.


Espero e desejo que a história dessas bravas e sensíveis mulheres, nos sirva de inspiração para nos tornarmos mais atentas à nossa volta.

A sabedoria emerge quando ultrapassamos as barreiras do eu, seja mulher ou homem, e transbordamos nossas ações e pensamentos em direção à vida. Acredito que conseguiremos alcançar isso quando nos tornarmos mais solidárias, quando nos reunirmos para conversar não apenas sobre o que se passa em nossos lares, mas também sobre o que se passa em nossas comunidades, bairros, cidades.

Assim, a partir de gestos simples e grandiosos que englobem todos como nossos filhos é que estaremos em direção a quem fomos e quem somos, afinal.


Um abraço!
Por Eveline Mara Pickler, outubro/2013



Fonte:
http://www.womeninworldhistory.com/contemporary-04.html

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