Missão de vida a partir de uma colcha de retalhos
Na construção de uma vida profissional, muitas vezes você encontra peças soltas que parecem não se conectar; mas quem se dispõe a movimentá-las, pode acabar descobrindo que tudo tem seu lugar certo.
Você já deve ter conhecido alguém que estudou para uma profissão e abraçou um trabalho totalmente diferente daquele para o qual pensava estar se preparando. Eu sou uma dessas pessoas. Por algum tempo, não se compreendia para onde eu caminhava com tantas formações e experiências desconexas.
A verdade é que eu estava montando minha “colcha de retalhos” para ser uma consteladora sistêmica. Todos os recortes, camadas, vieses e remendos da minha trajetória teceram a base fundamental para a tomada das Novas Constelações Familiares como minha profissão hoje.
O profissional constelador - ou facilitador de Constelação Familiar - é aquele que conduz uma técnica terapêutica voltada a melhorar nossa postura interna com relação à vida e a todas as nossas relações. O constelador é um estudioso dos sistemas nos quais estamos inseridos. É um estudioso das conexões que fazemos ao longo da vida. Costumamos apelidar esse emaranhado de conexões de Teia da Vida - nada mais que um sistema que concentra informações de todas as conexões que fazemos, incluindo aquelas feitas por nossos antepassados para que pudéssemos nascer. Quando acessamos partes dessa grande teia, estamos acessando determinados campos de informação e é neles que vamos trabalhar.
ONDE ENTRA A COLCHA?
No campo pessoal, meu trabalho começou a ser tecido em casa,
quando um dia descobri que eu tinha meios-irmãos e também irmãos não nascidos, e
soube que era a 9ª filha - não a 5ª, como
pensava até então. Na Constelação Familiar a informação sobre qual lugar cada indivíduo
ocupa na Teia da Vida é determinante. Como mãe, passei a ser “convidada” por meus
filhos a constantemente rever meus conceitos - e valorizo essa interação como se
ela fosse uma lição sobre ocupar nossos devidos lugares dentro dos sistemas.
Mas acredito que minhas formações acadêmicas e experiências profissionais
aparentemente sem conexão e lógica entre elas é que teceram a parte mais extensa
da colcha.
No Ensino Médio, o curso de Técnico em Edificações no antigo
CEFET me levou a desenvolver o indispensável pensamento lógico que me seria útil
várias vezes mais à frente ao ponderar escolhas. Não só aprendi a fazer cálculos,
como também a entender qual caminho eu NÃO SEGUIRIA. Ali começava o jogo de onde
e como se posicionar na “teia da minha vida”, sobre onde posicionar os retalhos
da colcha.
Na faculdade de Fisioterapia me encantei com as aulas de anatomia,
fisiologia e bioquímica, que me ajudariam a entender melhor as reações dos meus
futuros clientes constelados. Mas foi mais ou menos nesse época que também comecei
a estudar - desta vez por conta própria - programação e gerenciamento de banco de
dados. E essa incursão pela informática tem extremo valor na trajetória profissional
de um constelador.
É que no exercício das Constelações notamos que os campos de
informação que acessamos são bancos de dados - tal como na informática.
No caminho, passei em concursos públicos e entrei na faculdade
de Administração. E, então, treinei uma mente analítica e rápida. Como analista
de sistemas na área da saúde, desenvolvi a visão sistêmica mesmo sem me dar conta
disso.
Ao assumir um cargo no
setor de Recursos Humanos em uma autarquia da área de informática, a transformação
começou de verdade. Esse trabalho me levou ao mestrado em Sustentabilidade (campo
no qual precisamos levar em conta todas as partes envolvidas no sistema) e voltei
a desenvolver a visão sistêmica, agora de maneira mais realística.
Durante o curso, conheci as ideias de Bert Hellinger sobre Constelação
Organizacional e minha perspectiva sobre tudo mudou.
Eu já não me encaixava na forma de antes.
Segui para a Constelação Familiar com Tsuyuko e Peter Spelter
- referências nos estudos das Constelações Familiares e na abordagem sistêmico-fenomenológica
como terapia.
Saí do emprego e abracei com exclusividade meu trabalho e missão:
as Constelações Familiares.
RETALHOS: O SENTIDO DAS FORMAÇÕES PARALELAS
Gosto sempre de lembrar de um detalhe muito importante na trajetória
de um profissional que trabalha com terapias: as formações paralelas sintonizadas
com os pilares de vida do profissional.
Nesses casos, no “desenho da minha colcha”, incluí a iniciação
em reiki e também uma jornada de vivências com as meditações ativas do Osho com
Ma Bodi Sandesha.
Este retalho é fundamental para que todas as outras partes da
minha colcha pudessem ir chegando e se encaixando perfeitamente, cada um a seu tempo,
nem antes, nem depois - ou seja, nunca quando eu queria, mas na hora certa.
Desde meu despertar com o Reiki, sempre mantive atividades em
grupo em paralelo - sempre reunindo pessoas para estudar e praticar. Assim, quando
conheci as Constelações, senti que a colcha tomaria forma.
Tudo parecia se encaixar, não havia mais dúvidas. Eu me sentia
pronta para dar os próximos passos.
Em 2011 eu abri uma sala de grupos de Constelação a qual chamei
Espaço Luz do Ser.
TROPEÇOS, CHAMADOS E MESTRES NO CAMINHO
Mesmo quando tudo acontece bem e rapidamente, há tropeços. Mas
fiz uma escolha e não voltei atrás. E assim conheci o pai das Constelações Familiares
ao rumar para a Alemanha para o treinamento avançado com Bert Hellinger.
Na volta, passei a me dedicar também a formar novos consteladores.
Mais um chamado que eu ouvi e acolhi, unindo o que mais amo: ser consteladora e
dar aulas. Foi desafiador. Em alguns momentos achei que não estava pronta e me lancei
a ler muito, fazer outros cursos e, especialmente, dedicar meu tempo também a conhecer
o trabalho de outros consteladores.
Finalmente, junto com outros colegas de profissão, abri a primeira
turma oficial na Formação em Constelação Familiar, que aconteceu no Espaço de Vivências
Monte Crista, em Santa Catarina. Lá fui acolhida pelo proprietário José Scussel
- um amigo detentor de uma vasta visão sobre a Teia da Vida.
Durante nossa jornada sempre encontramos mentores, mestres, pessoas
que nos inspiram e até as que nos salvam!
Além de José Scussel, que com sua própria história e jeito de
ser me inspirou e motivou, valorizo também o livro Onde estão as moedas?, do constelador-referência
em relacionamentos de casal, Joan Garriga.
Onde estão as moedas? se tornou ponte para que eu conhecesse
Joan Garriga, que aceitou meu convite para fazer um workshop em 2014. Seguimos juntos
até hoje realizando eventos em parceria no Brasil.
A LIÇÃO DOS CAVALOS
Durante toda essa longa trajetória, ao conhecer o constelador
Paulo Neumann fui apresentada à participação dos cavalos no trabalho terapêutico.
Esses seres especiais mudaram minha maneira de olhar para uma sessão de Constelação:
com sua capacidade de acessar os campos de informação de maneira totalmente neutra,
os cavalos me levaram a entender verdadeiramente a postura fenomenológica sem interferir,
ou seja, sem tentar conduzir uma Constelação.
Por meio dos cavalos, conheci e fui colocada num lugar de profunda
confiança de que estamos todos conectados.
Junto com colegas de profissão, criei o método Omega Terapia
e Aprendizagem com Cavalos sob a Perspectiva Sistêmica e, atualmente, temos facilitadores
trabalhando em vários estados do Brasil, Portugal e África do Sul.
O Curso de Formação em Constelação Familiar se expandiu, chegando
aos estados de Santa Catarina e Rio de Janeiro. São mais de 130 pessoas formadas,
algumas atuando efetivamente como facilitadores de Constelação Familiar, mas certamente
com todas levando a visão sistêmica para todas as suas relações.
Uma colcha de retalhos. No início, contraditória; hoje, completa.





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