Registro de uma sessão de Terapia e Aprendizagem com Cavalos
Na semana anterior
ao meu embarque para Cidade do Cabo fiz muitas constelações em grupo, individuais e também quatro
sessões Omega Terapia e Aprendizagem com Cavalos (Omega-TAC).
Foram dias intensos e, como sempre acontece quando atendo bastante gente, de
muito aprendizado.
Mas o que quero
compartilhar hoje é um pouco do que eu vi em uma das sessões Omega-TAC.
Descrevo a seguir
essa surpreendente sessão e como as coisas foram acontecendo.
A cliente começou
descrevendo seu tema assim:
“Eu começo um
projeto e tenho muita energia e interesse, mas, gradativamente, vou
esmorecendo, perdendo energia e às vezes não o concluo...”
Conversando um
pouco e coletando algumas informações, notei os cavalos já fazendo o
mesmo, a seu próprio modo.
Ela então me conta
que nasceu de um parto muito difícil, era um bebê muito grande.
Foi para casa enquanto sua mãe ficou no hospital por muitos dias. Cidade do
interior, outros tempos, uma irmã a levava diariamente de trem ao hospital para
ser amamentada pela mãe que convalescia.
Ela me disse que
pensava sofrer de movimento interrompido.
(movimento interrompido é o retraimento emocional da criança,
causado por uma repetida e profunda decepção por não acessar a mãe ou
o pai emocionalmente, normalmente derivado da perda real do progenitor, de sua
separação ou de sua ausência emocional)
Eu, no entanto,
pensei em outras coisas. Lembrei de meu professor Peter
Spelter falar sobre a dificuldade de concluir coisas
na vida quando a pessoa foi ajudada a nascer – como em cesárias ou em uso de fórceps - pois o
registro que ela leva consigo é de que não precisa ir até o final. O registro
que ela leva consigo é de que algo irá finalizar a situação por ela.
Assim, soltei essas
ideias e me rendi ao que o campo tinha para nos mostrar.
Utilizando
espaguetes flutuadores de piscina, criei um corredor estreito e,
um pouco adiante, coloquei uma vara de salto finalizando o caminho. Pedi que a
cliente escolhesse um cavalo e o conduzisse pelo corredor formado pelos
espaguetes - que representava o canal vaginal -
e então transpassasse a vara, o que representava o ato de conseguir nascer.
Ela escolheu uma
égua e a conduziu sem corda nem cabresto - o animal simplesmente a acompanhou!
Porém, o mais interessante foram os eventos periféricos:
tínhamos duas éguas, um cavalo e uma pônei. Ao redor da pista em que
trabalhávamos, estavam irrequietos, relinchando muito. Então a égua eleita, um
pouco antes da cliente a escolher, urinou. Quando a cliente terminou o trajeto – que
chamamos de tarefa – a segunda égua se aproximou e urinou também e, novamente,
a égua escolhida urinou um pouco mais. Ao mesmo tempo, a pônei caminhou pelo
corredor montado para tarefa, parou no meio, saiu e defecou um pouco. Caminhou
mais um pouco e, então, defecou mais, desta vez soltando tudo o que era preciso.
O único animal
macho presente, não fez nada.
Era como se ele só olhasse a cena de perto, mas sem fazer parte dela.
Eu lembro aqui de
um outro professor que tive, Paulo Neumann, que me
ensinou muita coisa sobre comportamento e terapia equina.
Uma delas foi o significado de cavalos urinando ou
defecando durante uma sessão: relaxaram naquela situação, e algo foi liberado.
Nesse caso, ficou
muito claro ali um trabalho todo voltado para uma linhagem feminina com padrões
morfogenéticos de sofrimentos em parto.
É como se algo estivesse sendo literalmente limpo, purificado. Foi intenso, pontual e libertador.






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